sexta-feira, 17 de maio de 2024

A homossexualidade não existe (parte 1)

A afirmação inicial de que "a homossexualidade não existe" pode ser vista como uma provocação, destinada a estimular a reflexão sobre a complexidade das identidades sexuais e a fluidez da sexualidade. De fato, o título poderia ser substituído por "A Heterossexualidade não existe", "A Bissexualidade não existe", ou qualquer outra orientação sexual, pois o cerne da questão é discutir como as categorias e rótulos sexuais afetam a forma como vemos e vivenciamos o mundo.

Desconstruindo hierarquias e sua rigidez: críticas às categorias da sexualidade

Os termos "homo", "hetero", "bi", "trans" são usados para diferenciar e categorizar a sexualidade em identidades sexuais, porém, em uma sociedade permeada por normas e preconceitos, essas diferenciações podem levar a hierarquias de valor. A heterossexualidade é frequentemente vista como a natural, como a norma, o padrão pelo qual todas as outras orientações sexuais são julgadas. Essa hierarquia implica que as pessoas heterossexuais têm mais valor do que as pessoas com outras orientações sexuais, todavia, essa hierarquia é arbitrária e injusta, pois, como é construída sobre equívocos conceituais (advindos principalmente da religião em forma de opressão, cerceamento, desvio, demonização), não há uma base objetiva para atribuir mais valor a uma orientação sexual do que a outra.

Uma das principais críticas a essas categorias é que elas tendem a fixar a sexualidade, tornando-a rígida e inflexível. A ideia de que alguém é permanentemente "homossexual" ou "heterossexual" impede o reconhecimento da fluidez da sexualidade. A sexualidade humana é inerentemente complexa e variável e as pessoas podem experimentar mudanças ao longo de suas vidas. A rigidez dessas categorias é inadequada, pois impõe limites à liberdade sexual e ao desenvolvimento pessoal.

Explorando a complexidade da sexualidade humana

O contato dos corpos, o uso das genitálias, o ato sexual e a penetração, o efeito do uso das partes sensíveis do corpo pode ocorrer biologicamente, contudo o prazer depende de como a pessoa interpreta o ato. Isso destaca a importância de se entender que o sexo não é um ato estritamente definido, mas sim uma experiência que varia de pessoa para pessoa. A sexualidade envolve mais do que a atividade física; também envolve emoções, desejo e conexões interpessoais.

Além disso, a ideia de que existem maneiras "certas" ou "erradas" de experimentar o prazer sexual é problemática. Cada indivíduo é único e o que traz prazer a uma pessoa pode não ser o mesmo para outra. Julgar ou estigmatizar as preferências e experiências sexuais dos outros é uma manifestação do mesmo regime de opressão que coloca hierarquias sobre as identidades sexuais.

Explorando a diversidade sexual: respeitando a fluidez e autenticidade

Uma abordagem mais inclusiva e respeitosa em relação à sexualidade envolve reconhecer a diversidade das experiências humanas e a fluidez das sexualidades. Em vez de tentar categorizar as pessoas em rótulos rígidos, devemos permitir que cada indivíduo explore e defina sua própria sexualidade de maneira que seja autêntica e satisfatória para eles.

Por fim, a afirmação de que "a homossexualidade não existe" serve como um ponto de partida para uma discussão mais ampla sobre as complexidades da sexualidade e a sua fluidez. As categorias sexuais podem ser úteis para a compreensão e o diálogo, porém também podem ser limitantes e prejudiciais quando usadas para impor normas e hierarquias. A verdadeira liberdade sexual está em reconhecer e respeitar a diversidade das experiências humanas, permitindo que cada indivíduo explore a sua sexualidade de forma autêntica e sem julgamentos.

Outros problemas a se discutir

Dentro desse assunto, há outras questões a se problematizar, como: a inadequação da expressão "orientação sexual" e a concepção da homossexualidade a partir de uma perspectiva androcêntrica, no entanto, isso fica para uma outra publicação.


Sugestão de leitura:

Narrativas pessoais: a masculinidade hétero nas vivências do homem gay

O presente estudo buscou apreender a influência e o impacto da ideia de masculinidade hegemônica na vivência e identidade de homens gays. A pesquisa, qualitativa, contou como técnicas, com a coleta de relatos escritos de experiência pessoal; entrevista semiestruturada e utilização de imagens. Os participantes deste estudo foram 8 homens gays com idade entre 28 e 41 anos que se deslocaram de cidades do interior de estados brasileiros para a capital de São Paulo. No tocante aos resultados pode ser observado que a construção da identidade gay desses homens se dá a partir de um padrão hegemônico de masculinidade. Nesse processo, há uma constante negociação da visibilidade e invisibilidade de seus corpos, tendo como objetivo a construção de uma imagem de homem hétero. Verificou-se entre os entrevistados, vivências comuns de contextos marcados por ações masculinizantes, implícitas e explícitas, coordenadas por setores diversos da sociedade, dentre os quais, o ambiente escolar e a esfera doméstica. Do mesmo modo, a violência, sempre presente na memória, como forma de orientar e supervisionar as suas experiências de vida; o trânsito do corpo como uma passagem de reconhecimento de si e para a liberdade; o toque sendo descrito como um elemento importante no desenvolvimento do afeto e na descoberta do corpo de si e do outro. Por fim, o afeto entre homens é revelado como um elemento sob o controle da sociedade, sendo autorizado ou não, assim como o desejo, o qual, por um lado, é compreendido como via de prazer, por outro, é visto como algo proibido pela sociedade. É possível concluir do estudo que os homens entrevistados se apropriam de comportamentos que expressam aspectos marcantes da masculinidade hegemônica. No corpo é circunscrito os signos da masculinidade e pelo corpo eles demarcam e revelam sinais relacionados à masculinidade: virilidade, potência sexual, força, rigidez. Corpos musculosos, joviais e com pelos suportam os aspectos simbólicos intrínsecos e necessários para mantê-los passáveis como héteros, garantindo-lhes alguns dos privilégios dados aos homens heterossexuais que ocupam o alto topo da hierarquia no tocante ao modelo de masculinidade. Para tanto, há uma constante produção de uma masculinidade cuja baliza tem como medida a heterossexualidade, considerada por eles como um fato natural. Observa-se entre os participantes que as masculinidades que mais legitimam são, portanto, aquelas heterocentradas.


Personal narratives: the hetero masculinity in the gay man's experiences

The present study sought to understand the influence and impact of the idea of hegemonic masculinity on the experience and identity of gay men. The research, qualitative, counted as techniques, with the collection of written reports of personal experience; semi-structured interview and use of images. The participants of this study were 8 gay men aged between 28 and 41 years old who moved from cities in the interior of Brazilian states to the capital of São Paulo. Regarding the results, it can be observed that the construction of the gay identity of these men takes place from a hegemonic pattern of masculinity. In this process, there is a constant negotiation of the visibility and invisibility of their bodies, with the objective of building an image of a straight man. It was found among the interviewees, common experiences of contexts marked by masculinizing actions, implicit and explicit, coordinated by different sectors of society, among which, the school environment and the domestic sphere. Likewise, violence, always present in memory, as a way of guiding and supervising their life experiences; the transit of the body as a passage of self-recognition and towards freedom; touch being described as an important element in the development of affection and in the discovery of the body of oneself and the other. Finally, affection between men is revealed as an element under the control of society, whether authorized or not, as well as desire, which, on the one hand, is understood as a way of pleasure, on the other, is seen as something prohibited. by society. It is possible to conclude from the study that the men interviewed adopt behaviors that express striking aspects of hegemonic masculinity. The signs of masculinity are circumscribed in the body and through the body they demarcate and reveal signs related to masculinity: virility, sexual potency, strength, rigidity. Muscular, youthful and hairy bodies support the intrinsic and necessary symbolic aspects to keep them passable as heterosexuals, guaranteeing them some of the privileges given to heterosexual men who occupy the top of the hierarchy regarding the model of masculinity. Therefore, there is a constant production of a masculinity whose goal is heterosexuality, considered by them as a natural fact. It is observed among the participants that the masculinities that most legitimize are, therefore, those that are heterocentric.

Link de acesso, clique aqui.


quinta-feira, 16 de maio de 2024

Nada vai mudar se você não mudar

Tenha em mente que nada vai mudar se você não mudar. Parece óbvio, mas certas obviedades precisam ser constantemente lembradas. A mudança começa dentro de nós mesmos. Muitas vezes, ficamos presos em nossas rotinas confortáveis, relutantes em sair da zona de conforto e experimentar algo novo, porém, é somente através da mudança que crescemos, aprendemos e evoluímos como indivíduos. Por isso, é crucial fazer algo novo todos os dias, mesmo que seja algo mínimo.

Pode ser algo tão simples quanto desejar um bom dia para alguém que você nunca falou antes, ouvir uma música de um estilo que você nunca explorou, ou até mesmo escovar os dentes com a mão contrária. Essas pequenas ações podem parecer insignificantes à primeira vista, contudo têm o poder de transformar nossa perspectiva e abrir novas possibilidades em nossas vidas.

Cada pequena mudança que fazemos contribui para o nosso crescimento pessoal e para a construção de uma vida mais significativa. É importante lembrar que não se trata apenas de mudar por mudar, mas sim de dar sentido à nossa existência. Cada nova experiência, por menor que seja, nos ajuda a descobrir mais sobre nós mesmos, a nos vincular com os outros e a encontrar um propósito mais profundo em nossas vidas.

Portanto, não subestime o poder das pequenas mudanças. Elas podem ser o ponto de partida para uma jornada de autodescoberta e crescimento pessoal. Lembre-se sempre de que o importante é dar sentido à vida, e isso começa com a coragem de se permitir mudar.

quarta-feira, 15 de maio de 2024

Quando você não toma uma decisão, uma decisão será tomada de qualquer forma

Por vezes, podemos nos encontrar em uma encruzilhada, hesitantes diante das escolhas que se apresentam diante de nós. Talvez até agora isso tenha escapado à sua percepção, mas permita-me oferecer uma perspectiva: quando nos recusamos a tomar uma decisão, de certo modo, estamos delegando essa responsabilidade ao destino, permitindo que as circunstâncias ou outras pessoas determinem nosso caminho.

Eu acho que é essencial compreender que a inação não nos isenta das consequências. Mesmo ao evitarmos escolher, estamos, de fato, fazendo uma escolha passiva, e ainda assim, teremos que enfrentar as ramificações dessa omissão, mesmo que não tenhamos desejado isso.

Assim, minha sugestão é clara: assuma o controle, posicione-se e tome as rédeas das tuas decisões. É preferível agir e dividir as responsabilidades do que permanecer estagnado e enfrentar as consequências sozinho. Lembre-se: um vaso rachado pode ser reparado, mas um completamente quebrado é irreparável. E, no jogo da confiança, ninguém deposita sua fé naquele que se mostra incapaz de decidir e agir.